SÃO PAULO -  Próximas do total de R$ 100 bilhões em ativos em 2012, as cooperativas de crédito apresentam pequeno percentual no Sistema Financeiro Nacional (SFN), de 2,5%, mas o movimento é positivo para os próximos anos, com o desafio de agregar cada vez mais associados. Em 2011, o total de cooperados chegou a 5,8 milhões, cerca de 3% da população brasileira, enquanto em outros países, como Canadá, 30% da população está nas cooperativas.

Em entrevista ao DCI, France Michaud, representante do sistema de cooperativas de crédito do Canadá, explica que na província de Québec há mais de 500 cooperativas. "É bem desenvolvido, sendo que um terço da população do País está no sistema."

France detalha que o processo de desenvolvimento começou no ano de 1900 e que a importância está na inclusão financeira da população. "Desde então, não há exclusão financeira no Canadá. No Brasil, vejo que há muito entusiasmo e dinamismo das cooperativas." A representante atua em Québec e veio ao Brasil para divulgar a Cúpula Internacional das Cooperativas, que acontecerá de 8 a 11 de outubro, no Canadá. A apresentação ocorreu durante o 9º Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred), que acontece até hoje em Nova Petrópolis (RS).

No primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados do Banco Central, o patrimônio líquido das instituições cresceram 5,45%, para R$ 15,9 bilhões. Em ativos, a expansão foi de 6% em relação a dezembro do ano passado, para o total de R$ 92 bilhões. Sobre as operações de crédito, dados do BC até junho revelam o saldo de R$ 41,351 bilhões, alta de 11,6% na comparação com junho de 2011 e de 8,8% contra dezembro do mesmo ano.

Para Celso Ramos Régis, diretor da Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras) e do Sicredi, os primeiros meses do ano demonstram avanço positivo do segmento. "Apesar dos cenários de retração econômica, as cooperativas crescem em um momento em que as instituições financeiras buscam reduzir os spreads."

O desafio, segundo Régis, está no crescimento no número de associados e aplicação de métodos de governança corporativa. "O Banco Central sinaliza que o modelo de cooperativas irá crescer e abranger mais pessoas."

No caso do Sicredi, o executivo diz que há movimentos de divulgação para a população, como programas em escolas e de treinamento dos associados. "Temos um programa de expansão para que até 2015 as cooperativas tenham uma participação de 5% do sistema financeiro nas cidades onde atuamos." Atualmente, o sistema tem R$ 50 bilhões em ativos, e soma 2,100 milhões de associados de 113 cooperativas. A necessidade de trazer mais cooperados também é apontada por José Carlos de Assunção, diretor de desenvolvimento organizacional do Sicoob Confederação. "A comunidade que se insere e se mobiliza para tê-las e o desafio está nos grandes centros, onde não há a cultura do cooperativismo. O nosso objetivo é ser a principal instituição financeira dos associados até 2015."

O Sicoob finalizou o primeiro semestre deste ano com crescimento de 23,3% da carteira de crédito, para R$ 18,4 bilhões. Os ativos evoluíram 17,1%, para R$ 31,2 bilhões, e o patrimônio líquido chegou a R$ 7 bilhões.

No Brasil, o mercado de cooperativas de crédito é dividido em três confederações (Sicoob, Sicredi e Unicred), 38 centrais e 1,312 mil singulares, além de dois bancos cooperativos.

Realizada pelo Sebrae, com apoio do Banco Central e da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), pesquisa revela que 25% dos micro e pequenos empresários contrataram empréstimos como pessoa física nas cooperativas de crédito, com valor médio de R$ 22,855 mil e prazo de até 12 meses. Já as taxas de juros mensais variam entre 1% e 6% em 50% dos serviços contratados.