O principal objetivo deste artigo é apresentar, resumidamente, o que especialistas vêm concluindo sobre a atuação dos conselheiros de administração das empresas brasileiras, traçando um paralelo com a realidade do cooperativismo financeiro. Desta forma, pretende-se, indiretamente, oferecer subsídios para uma reflexão sobre algumas boas práticas para a formação e atuação dos conselhos de administração no cooperativismo financeiro. O tema atuação dos conselheiros de administração tornou ainda mais relevância em função das situações apresentadas e debatidas exaustivamente na literatura acadêmica e na mídia popular, no que se refere aos casos da Sadia, da Petrobrás e da OGX. Para todos estes casos, o que se pergunta é: os conselheiros teriam sido ingênuos, negligentes ou cúmplices? E o que seria pior?
Ainda que seja necessário estabelecer diferentes níveis de governança para diferentes portes de cooperativas, a formação e a atuação do conselho de administração das cooperativas singulares tem se mostrado um importante desafio para as entidades fiscalizadoras do cooperativismo financeiro. Sabiamente, as Confederações, Centrais e Banco Central do Brasil já identificaram que a perenidade das cooperativas singulares tem como principal alicerce a constituição de um conselho de administração diversificado, atuante e conhecedor de suas responsabilidades.
Ao se tomar como verdadeira a conclusão dos especialistas de que os conselhos de administração das empresas brasileiras têm muito espaço para melhorias e contribuem pouco para o desenvolvimento das empresas, propõe-se uma análise e reflexão sobre os principais erros que, se corrigidos, podem, de fato, contribuir para sua profissionalização. Propositadamente, os principais pontos discutidos pelos especialistas em governança corporativa foram trazidos para a realidade do cooperativismo financeiro, a fim de possibilitar uma reflexão sobre as melhorias que podem ser alcançadas na formação e na atuação dos conselhos de administração das cooperativas singulares.
Ainda que no cooperativismo financeiro a prática seja que alguns membros do conselho de administração também façam parte da diretoria e que algumas cooperativas singulares sequer possuem este órgão, as situações expostas acima oferecem, ainda que parcialmente, bons argumentos para uma reflexão sobre a formação e a atuação destes conselhos e diretorias. A conclusão é que o modelo ideal de formação e de atuação de um conselho de administração passa preponderantemente por sua profissionalização, que pode ter seu ponto de partida suportado pela observância dos itens apresentados no presente artigo.
Sem ter tido a pretensão de esgotar o assunto relacionado à formação e atuação dos conselheiros de administração e às boas práticas
de governança corporativa, este artigo teve como principais fontes os materiais divulgados pelo Banco Central do Brasil, pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e pela Comissão de Valores Mobiliários e os artigos publicados na revista HSM Management.
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Rui de Assis Vasconcelos, auditor; mestre em administração de empresas; graduado em ciências contábeis; atua há mais de
10 anos no cooperativismo de crédito. Atualmente, é gerente senior na Cnac.
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